sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Revista Glamour

Conheça todas as "Carolinas Dieckmanns"

O assunto é tão bom que queremos te contar tudo o que Carol revelou pra gente. Continue conhecendo nossa estrela da capa da edição de novembro...

 

 A Carol de Glória Perez

Vou começar pela Carolina que também é Jéssica, a personagem da nova novela das 9, Salve Jorge, que a autora, Glória Perez, concebeu pensando nela. “Retomar as novelas não estava nos meus planos imediatos”, conta a atriz. “Mas a Glória me ligou e disse que tinha que ser eu, que era uma participação especial, que poderia durar o tempo que eu quisesse, que eu faria só o número de capítulos que estivesse a fim.” Isso foi há alguns meses, e Carolina aceitou – primeiro pela admiração que tem por Glória Perez, e depois pelo próprio papel, que é sensacional. A questão de quanto tempo sua personagem iria durar na trama era um detalhe, mas agora, ironicamente, a atriz quase lamenta que Jéssica tenha uma trajetória curta. O que acontece é que o arco de sua história precisa mesmo ser breve. Jéssica é vítima de um esquema internacional de prostituição: é convidada a ir à Espanha para trabalhar numa pizzaria e, quando chega lá, descobre-se sem passaporte, sem dinheiro e sem liberdade. Uma história assim não pode mesmo acabar bem. Ao conversarmos sobre Jéssica, lembro Carol (o apelido que você imediatamente começa a usar, de tão à vontade que ela te deixa, mesmo num breve encontro) de um filme chamado Para Sempre Lilya, do diretor Lukas Moodysson – no qual uma menina vinda da Rússia segue exatamente os passos de Jéssica, só que na Suécia. Carol imediatamente se interessa e, por alguns segundos, revela a curiosidade enorme que toda pessoa de talento tem.


A Carol musa da TV

A mesma curiosidade fez dela a atriz que Carolina Dieckmann é hoje. “Comecei muito pequena”, explica, lembrando que, aos 13 anos, já estava posando para câmeras – e aos 15 estreou na TV (Sex Appeal é de 1993). “Fui crescendo e trabalhando com isso sem entender muito o que acontecia à minha volta nem o sentido maior daquilo que estava fazendo.” Foi só quando o grande autor de novelas Manoel Carlos a procurou para dizer que tinha escrito um papel especialmente para ela que Carol finalmente se sentiu uma atriz. Que papel era esse?
 
Camila, a inesquecível personagem de Laços de Família (2000). Você pode até não se lembrar dos detalhes da trama – que, como toda boa novela de Maneco (como ele é carinhosamente chamado pelos atores, inclusive por Carol), fazia um excelente retrato da nossa vida cotidiana. Mas eu posso apostar que você se lembra da cena em que Camila, vítima de um câncer, tinha sua cabeça raspada em meio a um mar de lágrimas. Essa é uma cena que emociona até hoje – experimente revê-la no YouTube! Mas, para Carolina Dieckmann, teve um significado ainda maior: foi uma espécie de batismo profissional. A partir dali, ela sabia que poderia enfrentar qualquer desafio na televisão. A sólida educação que teve em casa – um pai que, como ela brinca, não aceitava medalha de bronze nem de prata, só de ouro; e uma mãe que a ensinou que o carinho era o melhor caminho para você não desistir diante de obstáculos – foi transportada então para sua vida profissional. E dali em diante seu nome não apenas era aguardado nos créditos de uma novela, mas nós, devotos telespectadores, queríamos saber também como seria sua transformação diante de um novo personagem (sua doação para Jéssica é o exemplo mais recente disso). 




Mas Camila ainda mexeu com Carol de uma outra maneira mais sutil, que ela mesma só se deu conta muito tempo depois. Mais exatamente em meados do ano passado, quando soube da doença de seu amigo Reynaldo Gianecchini – diagnosticado com um tipo raro de câncer em agosto de 2011. O ator contracenava com ela em Laços de Família e esteve especialmente envolvido na fase da doença da personagem Camila. Por isso, quando Carol soube da notícia, a primeira coisa que fez foi ligar para Giane, para dizer que ela estava ao seu lado para qualquer coisa que precisasse. O câncer sempre nos lembra da fragilidade das nossas vidas, de como somos vulneráveis – e foi isso que mudou na cabeça da Carol. “Eu nunca havia pensado nisso, na possibilidade de uma doença interromper a vida da gente, de não deixar que a gente faça tudo que tenha vontade... até a doença do Giane”, conta a atriz. Depois de um poderoso tratamento, ele está bem e de volta às telas, brilhando em Guerra dos Sexos. Mas Carol também teve sua lição. Mudou sua relação com as pessoas, sobretudo com a família – especialmente seus dois filhos, Davi, 13 anos (do primeiro casamento, com Marcos Frota), e José, 5 (do segundo casamento, com Tiago Worcman). Filhos que ela ama tanto e que foram sua primeira preocupação quando suas fotos íntimas foram covardemente espalhadas na internet.


A Carol cheia de graça

Mas ainda não está na hora de falar disso. Ainda tem outras “Carolinas Dieckmanns” que foram aparecendo ao longo daquele café da manhã e que eu acho que você tem que conhecer melhor. A Carol que esquenta uma pista de dança, por exemplo – ainda que, para vê-la de perto você tenha que ter a sorte de estar na mesma festa que ela... Eu já fui premiado algumas vezes com um encontro desses, o suficiente para que uma certa cumplicidade se estabelecesse entre nós, a ponto de já podermos avaliar o DJ que está tocando em determinada noite apenas com uma troca de olhares. Quando ele é bom, simplesmente nos acabamos de dançar. Mas nem sempre temos essa sorte. Em uma festa recente, já tarde da noite, quando vi Carol sentada num sofá com um leve ar de “tá na hora de ir embora”, brinquei: “Se eu não estou na pista e você também não está dançando, é porque esse DJ realmente não é dos bons...”. Quando a lembro desse encontro, Carolina começa a rir – e traz à tona seu lado mais espontâneo, que os amigos próximos tanto admiram. Que eu, como, digamos, um “conhecido chegado”, tenho a sorte de cruzar de vez em quando. E que o grande público só pode vislumbrar através das personagem
que ela vive na TV. 


Carolina Dieckmann (Foto: Jacques Dequeker)
 
Mas mesmo você, que talvez a conheça só à distância, pode perceber que ali dentro existe uma Carol que é feliz e realizada. A alegria daquela risada, posso confirmar, é genuína. E foram várias durante esse breve encontro. Rimos do seu medo de baratas. Rimos das lembranças de boas festas. Rimos de histórias da sua infância – como a de quando sua casa pegou fogo e ela tentou ver o lado positivo de ter perdido tudo quando percebeu que, se não fosse o fogo ter destruído o que havia no seu armário, ela nunca saberia o que é a “alma” de um sapato (se você, como eu, também não sabia, aqui vai a explicação de Carol: é uma peça que vai no meio da palmilha e funciona como um “esqueleto” no calçado).
 
Rimos com lembranças de viagens dela e minhas. Rimos do prazer que é poder fazer o que se gosta – e, no caso da Carol, receber uma personagem e lhe emprestar vida. E rimos, claro, das coisas que escrevem sobre a gente na internet. O assunto veio justamente de uma notícia da semana do nosso encontro, quando os sites ecoavam a manchete: “Carolina Dieckmann perde 5 quilos para nova novela”. Verdade mesmo, Carol? A resposta, inevitavelmente, vem com outra risada: “As pessoas hoje em dia leem só esses títulos e acham que estão informadas... O que aconteceu é que eu parei de malhar. Minha última personagem era bombada, e quando eu diminuí os exercícios, voltei a ter o corpo de sempre”, conta ela. “Mas muitas pessoas preferem acreditar na fofoca, na distorção mais grotesca dos fatos, na informação pela metade”, desabafa. “Fazer o quê?”, completa. Isso nem a incomoda. A essa altura de sua vida, de sua carreira, ela já sabe quem é – e o que quer. Não vai ser o que as outras pessoas querem que ela seja – vai ser Carolina Dieckmann, ela mesma. E podem inventar o que for!